Pesquisar este blog

29 de setembro de 2010

Ambiguidade: evite-a para fazer uma boa redação

A ambiguidade é um dos problemas que podem ser evitados na redação. Ela surge quando algo que está sendo dito admite mais de um sentido, comprometendo a compreensão do conteúdo. Isso pode suscitar dúvidas no leitor e levá-lo a conclusões equivocadas na interpretação do texto.

A inadequação ou a má colocação de elementos como pronomes, adjuntos adverbiais, expressões e até mesmo enunciados inteiros podem acarretar em duplo sentido, comprometendo a clareza do texto. Observe os exemplos que seguem:

•"O professor falou com o aluno parado na sala"

Neste caso, a ambiguidade decorre da má construção sintática deste enunciado. Quem estava parado na sala? O aluno ou o professor? A solução é, mais uma vez, colocar "parado na sala" logo ao lado do termo a que se refere: "Parado na sala, o professor falou com o aluno"; ou "O professor falou com o aluno, que estava parado na sala".

•"A polícia cercou o ladrão do banco na rua Santos."

O banco ficava na rua Santos, ou a polícia cercou o ladrão nessa rua? A ambiguidade resulta da má colocação do adjunto adverbial. Para evitar isso, coloque "na rua Santos" mais perto do núcleo de sentido a que se refere: Na rua Santos, a polícia cercou o ladrão; ou A polícia cercou o ladrão do banco que localiza-se na rua Santos"

•"Pessoas que consomem bebidas alcoólicas com frequência apresentam sintomas de irritabilidade e depressão."

Mais uma vez a duplicidade de sentido é provocada pela má colocação do adjunto adverbial. Assim, pode-se entender que "As pessoas que, com frequência, consomem bebidas alcoólicas apresentam sintomas de irritabilidade e depressão" ou que "As pessoas que consomem bebidas alcoólicas apresentam, com frequência, sintomas de irritabilidade e depressão".

Uma das estratégias para evitar esses problemas é revisar os textos. Uma redação de boa qualidade depende muito do domínio dos mecanismos de construção da textualidade e da capacidade de se colocar na posição do leitor.

Ambiguidade como recurso estilístico

Em certos casos, a ambiguidade pode se transformar num importante recurso estilístico na construção do sentido do texto. O apelo a esse recurso pode ser fundamental para provocar o efeito polissêmico do texto. Os textos literários, de maneira geral (como romances, poemas ou crônicas), são textos com predomínio da linguagem conotativa (figurada). Nesse caso, o caráter metafórico pode derivar do emprego deliberado da ambiguidade.

Podemos verificar a presença da ambiguidade como recurso literário analisando a letra da canção "Jack Soul Brasileiro", do compositor Lenine.

Já que sou brasileiro

E que o som do pandeiro é certeiro e tem direção

Já que subi nesse ringue

E o país do suingue é o país da contradição

Eu canto pro rei da levada

Na lei da embolada, na língua da percussão

A dança, a muganga, o dengo

A ginga do mamulengo

O charme dessa nação

(...)

Podemos observar que o primeiro verso ("Já que sou brasileiro") permite até três interpretações diferentes. A primeira delas corresponde ao sentido literal do texto, em que o poeta afirma-se como brasileiro de fato. A segunda interpretação permite pensar em uma referência ao cantor e compositor Jackson do Pandeiro - o "Zé Jack" -, um dos maiores ritmistas de todos os tempos, considerado um ícone da história da música popular brasileira, de quem Lenine se diz seguidor. A terceira leitura para esse verso seria a referência à "soul music" norte-americana, que teve grande influência na música brasileira a partir da década de 1960.

O recurso à ambiguidade no texto publicitário

Na publicidade, é possível observar o "uso e o abuso" da linguagem plurissignificante, por meio dos trocadilhos e jogos de palavras. Esse procedimento visa chamar a atenção do interlocutor para a mensagem. Para entender melhor, vamos analisar a seguir um anúncio publicitário, veiculado por várias revistas importantes. Sempre presente. Ferracini Calçados.

O slogan "Sempre presente" pode apresentar, de início, duas leituras possíveis: o calçado Ferracini é sempre uma boa opção para presentear alguém; ou, ainda, o calçado Ferracini está sempre presente em qualquer ocasião, já que, supõe-se, pode ser usado no dia a dia ou em uma ocasião especial.

Se você não se julga ainda preparado para uma utilização estilística da ambiguidade, prefira uma linguagem mais objetiva. Procure empregar vocábulos ou expressões que sejam mais adequadas às finalidades do seu texto.

Ana Christina Damasceno

Regionalismo: Literatura das peculiaridades do Brasil

O regionalismo tem uma tradição de quase 150 anos na literatura brasileira. Surgiu em meados do século 19, nas obras de José de Alencar, de Bernardo Guimarães, de Alfredo d'Escragnole Taunay e de Franklin Távora e pode-se dizer que há textos de cunho regionalista em nossa literatura até o final do século 20.

Pode-se dizer que as obras do século 20 são os grandes textos do regionalismo no Brasil. Entretanto, para se chegar a expoentes como José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Érico Veríssimo e Guimarães Rosa, o gênero percorreu um grande caminho, cujas raízes estão na época do romantismo, como foi o caso da obra de José de Alencar.

Em primeiro lugar cabe esclarecer que, por regionalismo, entende-se a literatura que põe o seu foco em determinada região do Brasil, visando retratá-la, de maneira mais superficial ou mais profunda. Os primeiros autores do gênero não focalizavam propriamente uma região, no sentido geográfico, não visavam mostrar a vida no sertão do Nordeste, ou de São Paulo ou do Rio Grande do Sul.

Escritores sertanistas

Chama-se de autores de sertanistas aqueles cujo foco está no sertão, por oposição à cidade, à Corte, ao Rio de Janeiro - a única localidade com características efetivamente urbanas no Brasil do século 19. Focalizar o homem do sertão era uma forma de ir além do indianismo que - surgido na década de 1830 como forma de afirmação da nacionalidade - já se esgotara nas décadas de 1860 e 1870.

O sertanejo torna-se então o símbolo do autêntico brasileiro, alheio às influências da Europa, abundantes na sociedade fluminense. É nesse sentido que ele irá protagonizar os romances de Bernardo Guimarães, Taunay e Franklin Távora, constituindo uma metamorfose do "bom selvagem" que Peri (personagem central O Guarani) ou Ubirajara haviam personificado nos romances de Alencar anteriormente. Do que já se deduz que o sertanejo romântico também padece de uma idealização heroica que o afasta da realidade.

Além disso, os romances sertanistas são marcados por um "pequeno realismo" - como afirma o estudioso Nelson Werneck Sodré - que está preocupado em retratar as minúcias do vestuário, da linguagem, dos costumes, das paisagens e em valorizar o caráter exótico e grandioso da natureza brasileira. Nesse pano de fundo, decorrem os enredos marcados por amores, aventuras e peripécias como mandava o figurino da literatura romântica.

Bernardo Guimarães

Desde seu primeiro livro "O Ermitão de Muquém", o autor deixa claro seu autor de documentar uma realidade, como revela o subtítulo do romance: "História da Fundação da Romaria de Muquém na Província de Goiás". Mas voltamos a ressalvar: trata-se daquela documentação superficial, mais atenta ao que se vê e não ao que está por trás das aparências.

Suas obras mais conhecidas devem seu sucesso principalmente ao tema que abordam, segundo o crítico literário Alfredo Bosi. Ele se refere a "O Seminarista", que critica o celibato clerical, e "A Escrava Isaura", que critica a escravidão. É importante ressaltar, porém, que se trata de uma crítica tardia, surgida quando boa parte da sociedade brasileira já aderira à causa abolicionista. Além disso, não se pode deixar de lembrar que a personagem é uma escrava branca, pois seria inconcebível ao Brasil daquela época que uma negra protagonizasse um romance.

Apesar disso tudo, não se pode deixar de dizer que o enredo de "A Escrava Isaura" tem força e apelo, tanto que se transformou em novela exibida pela Globo em 1976/77 e fez sucesso não só no Brasil, mas em diversos outros países nos quais foi exibida, em particular em Cuba e na China, onde a atriz Lucélia Santos, que fazia o papel de Isaura, tornou-se uma celebridade. Além disso, voltou à telinha em 2004, numa novela da TV Record.

Visconde de Taunay

Segundo Alfredo Bosi, "por seu temperamento e cultura, o visconde de Taunay tinha condições de dar ao regionalismo sua versão mais sóbria. Homem de pouca fantasia, muito senso de observação, formado no hábito de pesar com a inteligência as suas relações com a paisagem e o meio (era engenheiro, militar e pintor), Taunay foi capaz de enquadrar a história de "Inocência" (1872) em um cenário e em um conjunto de costumes sertanejos onde tudo é verossímil. Sem que o cuidado de o ser turve a atmosfera agreste e idílica que até hoje dá um renovado encanto à leitura".

De fato, "Inocência" é uma pequena obra-prima, com um enredo que também é capaz de seduzir o público de várias épocas. Tanto é que também chegou às telas do cinema em 1982, com direção de Walter Lima Jr. e a atriz Fernanda Torres no papel da personagem principal. O enredo gira em torno de o casamento de Inocência ter sido acertado pelo pai da moça, que, no entanto, se apaixona por um outro homem.

Franklin Távora

O cearense Franklin Távora é o primeiro a tentar fazer do regionalismo um movimento, escrevendo um manifesto e apresentando um projeto no prefácio de seu romance "O Cabeleira". O romance, porém, não acompanha às pretensões do autor. É uma obra medíocre que mistura uma crônica do cangaço (o personagem-título é um cangaceiro) com os expedientes melodramáticos da pior ficção romântica.

No entanto, ele abre um ciclo em nossa literatura: são vários os romances que tematizam o cangaço e o banditismo originário das peculiaridades do Nordeste: a seca, o latifúndio, a miséria. As grandes obras nacionais sobre o cangaço, contudo, só iriam ser escritas no século 20: "Cangaceiros", de José Lins do Rego, e "Seara Vermelha", de Jorge Amado.

Este último, marcado por um caráter de propaganda comunista (o autor era filiado ao Partido Comunista Brasileiro, pelo qual foi deputado), apresenta o cangaceiro como um herói revolucionário, o que também é uma idealização não condizente com a realidade.


Ana Christina Damasceno

27 de setembro de 2010

BALAIADA (1838 - 1841)

Nas obras que tratam dos primeiros anos da independência política do Brasil, muitos historiadores dão especial destaque ao fato de que os privilégios e desmandos que marcavam o passado colonial não foram superados com o estabelecimento da independência do país. Um dos casos em que tal perspectiva é ainda mais evidente encontra-se na revolta da Balaiada, ocorrida em 1838, no Maranhão.

No século XIX, a economia maranhense atravessou uma forte crise, em grande parte decorrente da concorrência do algodão norte-americano no mercado internacional. Além disso, o estabelecimento da Lei dos Prefeitos – que concedia ao governador o privilégio de nomear os prefeitos municipais – causou outro tipo de atrito onde o mandonismo político acirrou as relações do povo com as instituições governamentais.

Dessa forma, podemos ver que a presença de três líderes nessa revolta, que muito bem representou a situação política ali vivida, impulsionou diversos focos de tensão. Raimundo Gomes, um dos primeiros líderes da revolta, mobilizou um grupo de escravos, vaqueiros e artesãos logo depois de libertar um grupo de vaqueiros aprisionados em Vila da Manga, a mando de um opositor político do patrão daqueles mesmos trabalhadores.

O artesão Manoel dos Anjos Ferreira, conhecido como Balaio, começou a lutar contras as autoridades provinciais depois de acusar o oficial Antônio Raymundo Guimarães de ter abusado sexualmente de suas filhas. Após conquistar vários adeptos, os revoltosos conseguiram controlar a cidade de Caxias, um dos maiores centro comerciais da época. A natureza popular desse movimento em muito ameaçou a estabilidade dos privilégios econômicos daqueles que detinham o poder na época.

Naquele mesmo ano, o negro Cosme Bento de Chagas, contou com o apoio de, aproximadamente, 3 mil escravos fugidos. O grande número de negros envolvidos na revolta deu traços raciais à questão da desigualdade ali colocada. Em resposta aos levantes, o coronel Luis Alves de Lima e Silva foi nomeado para controlar a tensa situação da província.

Em 1841, com farto armamento e um grupo de 8 mil homens, Luis Alves obteve sucesso na contenção dos revoltosos e, por isso, recebeu o título de Conde de Caxias. A desarticulação entre os vários braços revoltosos da Balaiada e a desunião em torno de objetivos comuns, facilitou bastante a ação repressora estabelecida pelas forças governamentais.

Todos os negros fugidos acusados de envolvimento na revolta foram reescravizados. Manoel Francisco Gomes foi abatido durante o movimento de retaliação da revolta. Já o vaqueiro Raimundo Gomes foi expulso do Maranhão e, durante sua deportação para São Paulo, faleceu em uma embarcação. O líder dos escravos, Cosme Bento, foi preso e condenado à forca em 1842.


Emanuella Sousa

CABANAGEM (1835 - 1840)

A questão da autonomia política foi, desde a independência, a grande força motriz motivadora de diversos conflitos e revoltas no Brasil. Na província do Pará, a péssima condição de vida das camadas mais baixas da população e a insatisfação das elites locais representavam a crise de legitimidade sofrida pelos representantes locais do poder imperial. Além disso, a relação conflituosa entre os paraenses e os comerciantes portugueses acentuava outro aspecto da tensão sócio-econômica da região.

A abdicação de Dom Pedro I e ascensão do governo regencial estabeleceram a deflagração de um movimento iniciado em 1832. Naquele ano, um grupo armado impediu a posse do governador nomeado pela regência e exigia a expulsão dos comerciantes portugueses da província. No ano seguinte, Bernardo Lobo de Sousa, novo governador nomeado, administrou o Pará de maneira opressiva e autoritária. Desta maneira, abriam-se tensões e a possibilidade de uma nova revolta provincial.

Em 1835, um motim organizado pelo fazendeiro Félix Clemente Malcher e Francisco Vinagre prendeu e executou o governador Bernardo Lobo de Sousa. Os rebelados, também chamados de cabanos, instalaram um novo governo controlado por Malcher. Francisco Vinagre, líder das tropas do novo governo, se desentendeu com o novo governador. Aproveitando de seu controle sobre as forças militares, tentou tomar o governo, mas foi preso pelo governador. Em resposta, Antônio Vinagre, irmão de Francisco, assassinou Félix Clemente Malcher e colocou Francisco Vinagre na liderança do novo governo.

Nessa nova etapa, Eduardo Angelim, líder popular, ascendia entre os revoltosos. A saída das elites do movimento causou o enfraquecimento da revolta. Tentando aproveitar desta situação, as autoridades imperiais enviaram o almirante britânico John Taylor, que retomou o controle sobre Belém, capital da província. No entanto, a ampla adesão popular do movimento não se submeteu à vitória imperial. Um exército de 3 mil homens liderados por Angelim retomou a capital e proclamou um governo republicano independente.

O governo, agora controlado por Angelim, abria possibilidades para a resolução dos problemas sociais e econômicos que afligiam as camadas populares. No entanto, a falta de apoio político de outras províncias e a carestia de recursos prejudicou a estabilidade da república popular. Sucessivas investidas militares imperiais foram enfraquecendo o movimento cabano. Em 1836, Eduardo Angelim foi capturado pelas autoridades do governo imperial.

Entre 1837 e 1840, os conflitos no interior foram controlados. Diversas batalhas fizeram com que este movimento ficasse marcado por sua violência. Estima-se que mais de 30 mil pessoas foram mortas. Dessa maneira, a Cabanagem encerrou a única revolta regencial onde os populares conseguiram, mesmo que por um breve período, sustentar um movimento de oposição ao governo.


Emanuella Sousa

PERÍODO REGENCIAL

Toda a agitação política do governo de Dom Pedro I culminou em sua rápida saída do governo durante os primeiros meses de 1831. Surpreendidos com a vacância deixada no poder, os deputados da Assembléia resolveram instituir um governo provisório até que Dom Pedro II, herdeiro legítimo do trono, completasse a sua maioridade. É nesse contexto de transição política que observamos a presença do Período Regencial.

Estendendo-se de 1831 a 1840, o governo regencial abriu espaço para diferentes correntes políticas. Os liberais, subdivididos entre moderados e exaltados, tinham posições políticas diversas que iam desde a manutenção das estruturas monárquicas até a formulação de um novo governo republicano. De outro lado, os restauradores –funcionários públicos, militares conservadores e comerciantes portugueses – acreditavam que a estabilidade deveria ser reavida com o retorno de Dom Pedro I.

Em meio a tantas posições políticas, a falta de unidade entre os integrantes da política nacional em nada melhorou o quadro político brasileiro. As mesmas divergências sobre a delegação de poderes políticos continuaram a fazer da política nacional um sinônimo de disputas e instabilidade. Mesmo a ação reformadora do Ato Adicional, de 1834, não foi capaz de resolver os dilemas do período.

Umas das mais claras conseqüências desses desacordos foram a série de revoltas deflagradas durante a regência. A Sabinada na Bahia, a Balaiada no Maranhão e a Revolução Farroupilha na região Sul foram todas manifestações criadas em conseqüência da desordem que marcou todo o período regencial.


Emanuella Sousa

26 de setembro de 2010

ESCRAVIDÃO NO BRASIL

A escravidão no Brasil consolidou-se como uma experiência de longa duração a marcar diversos aspectos da cultura e da sociedade brasileira. Mais que uma simples relação de trabalho, a existência da mão-de-obra escrava africana fixou um conjunto de valores da sociedade brasileira em relação ao trabalho, os homens e às instituições. Nessa trajetória podemos ver a ocorrência do problema do preconceito racial e social no decorrer de nossa história.

Durante o estabelecimento da empresa colonial portuguesa, a opção pelo trabalho escravo envolveu diversas questões que iam desde o interesse econômico ao papel desempenhado pela Igreja na colônia. Sob o aspecto econômico, o tráfico de escravos foi um grande negócio para a Coroa Portuguesa. Em relação à posição da Igreja, os portugueses foram impelidos a escravizarem os indígenas, pois estes integrariam ao projeto de expansão do catolicismo pelas Américas.

No mundo do trabalho, a escravidão fez com que o trabalho tornasse uma atividade inferior dentro da sociedade da época. O trabalho braçal era visto como algo destinado ao negro. Mesmo grande parte da mão-de-obra sendo empregada em atividades que exigiam grande esforço físico, outras tarefas também eram desempenhadas pelos escravos. Os escravos domésticos trabalhavam nas casas enquanto os escravos de ganho administravam pequenos comércios, praticavam artesanato ou prestavam pequenos serviços para seus senhores.

Mesmo a escravidão tornando-se uma prática usual, não podemos nos esquecer das várias formas de resistência contra a escravidão que aconteceram. O conflito direto, as fugas e a formação de quilombos eram as mais significativas formas de resistência. Além disso, a preservação de manifestações religiosas, certos traços da culinária africana, a capoeira, o suicídio e o aborto eram outras vias de luta contra a escravidão.

Após a independência do Brasil, observamos que a escravidão se manteve intocada. O preconceito racial e os interesses dos grandes proprietários permitiam a preservação do sistema escravista. Somente no Segundo Reinado podemos contemplar a formação de um movimento em prol da abolição. Em meio à ascensão do abolicionismo, os interesses britânicos pela ampliação de seu mercado consumidor em solo brasileiro e a imigração de trabalhadores europeus davam brecha para o fim desse sistema.

Durante o governo de Dom Pedro II, várias leis de caráter abolicionista foram sendo aplicadas. A gradação da política abolicionista traduzia o temor que certos setores da elite tinham em um processo de abolição brusco capaz de promover uma revolta social. A lei Eusébio de Queiroz, de 1850, foi a primeira a proibir o tráfico de escravos para o Brasil. Somente quase quarenta anos depois, em 1888, que a Lei Áurea de fim ao regime escravista brasileiro.

Apesar do fim da escravidão, a abolição não foi acompanhada por nenhuma ação no sentido de integrar o negro à sociedade brasileira. A discriminação racial e a exclusão econômica ainda tornaram-se vigentes ao longo do século XX. Apesar de várias ações governamentais que atualmente quererem atenuar o peso dessa “dívida histórica”, ainda muito falta para que o negro supere os resquícios de uma cultura ainda aberta ao signo da exclusão.


Emanuella Sousa

INCONFIDÊNCIA BAIANA

No século XVIII, a insatisfação da população baiana contra a administração colonial se avolumava por conta da ausência de produtos, da fome e outras mazelas que assolavam a população. Além disso, percebemos que, nesse mesmo período, os conteúdos do pensamento iluminista ali se manifestavam sob o signo da liberdade, da igualdade e da fraternidade. De fato, a experiência revolucionária ocorrida na França servia de inspiração contra o domínio dos colonizadores.

Desde a transferência da capital para o Rio de Janeiro, os moradores da cidade de Salvador manifestavam a sua revolta com ataques contra as autoridades locais. Em geral, a elevação do preço dos alimentos, o saque aos armazéns e o incêndio do Pelourinho incorporavam o desenvolvimento de um ambiente revolucionário. Aos poucos, os integrantes das mais variadas camadas sociais passaram a defender alguma transformação mais substanciosa.

No ano de 1797, sob a influência da maçonaria francesa, formou-se em Salvador uma sociedade secreta que tinha como foco inicial realizar a disseminação do iluminismo. Composta por membros da elite intelectual baiana, essa loja maçônica promovia a leitura de textos de Voltaire e Rousseau. Além disso, seus integrantes, também conhecidos como “Cavaleiros da Luz”, passaram a circular panfletos que criticavam o governo local e defendiam a criação de uma República na Bahia.

Com o passar do tempo, esse processo de doutrinamento político ganhou forças com o expresso apoio de outros extratos da sociedade local. Em agosto de 1798, o número de integrantes do movimento se avolumou, assim como a variabilidade das reivindicações. Entre estas, destacamos a criação de um governo de inspiração jacobina, a transformação do sistema tributário, a melhoria nos salários dos oficiais, a liberdade econômica e intelectual, e a libertação dos escravos.

A inserção de líderes e demandas populares logo motivou o afastamento dos Cavaleiros da Luz, que interpretavam negativamente o aprofundamento da conjuração. Logo em seguida, por meio de investigações e denúncias, as autoridades lusitanas foram determinando quais eram os principais líderes da Inconfidência Baiana. A essa altura, nenhum membro das elites estava entre os indivíduos sujeitos à prisão e julgamento oficial.

Os soldados Lucas Dantas de Aromam e Luís Gonzaga das Virgens, e os alfaiates Manuel Faustino dos Santos e João de Deus Nascimento foram condenados à forca e esquartejamento. Outros sete acusados foram encaminhados ao exílio na África. Alguns dos escravos envolvidos no episódio foram condenados ao sofrimento de penas físicas ou vendidos para outras capitanias. Com isso, a possibilidade de uma rebelião popular foi reprimida pelos portugueses.


Emanuella Sousa

INCONFIDÊNCIA MINEIRA

No século XVIII, a ascensão da economia mineradora trouxe um intenso processo de criação de centros urbanos pela colônia acompanhada pela formação de camadas sociais intermediárias. Os filhos das elites mineradoras, buscando concluir sua formação educacional, eram enviados para os principais centros universitários europeus. Nessa época, os ideais de igualdade e liberdade do pensamento iluminista espalhavam-se nos meios intelectuais da Europa.

Na segunda metade do século XVIII, a economia mineradora dava seus primeiros sinais claros de enfraquecimento. O problema do contrabando, o escasseamento das reservas auríferas e a profunda dependência econômica fizeram com que Portugal aumentasse os impostos e a fiscalização sobre as atividades empreendidas na colônia. Entre outras medidas, as cem arrobas de ouro anuais configuravam uma nova modalidade de cobrança que tentava garantir os lucros lusitanos.

No entanto, com o progressivo desaparecimento das regiões auríferas, os colonos tinham grandes dificuldades em cumprir a exigência estabelecida. Portugal, inconformado com a diminuição dos lucros, resolveu empreender um novo imposto: a derrama. Sua cobrança serviria para complementar os valores das dívidas que os mineradores acumulavam junto à Coroa. Sua arrecadação era feita pelo confisco de bens e propriedades que pudessem ser de interesse da Coroa.

Esse imposto era extremamente impopular, pois muitos colonos consideravam sua prática extremamente abusiva. Com isso, as elites intelectuais e econômicas da economia mineradora, influenciadas pelo iluminismo, começaram a se articular em oposição à dominação portuguesa. No ano de 1789, um grupo de poetas, profissionais liberais, mineradores e fazendeiros tramavam tomar controle de Minas Gerais. O plano seria colocado em prática em fevereiro de 1789, data marcada para a cobrança da derrama.

Aproveitando da agitação contra a cobrança do imposto, os inconfidentes contaram com a mobilização popular para alcançarem seus objetivos. Entre os inconfidentes estavam poetas como Claudio Manoel da Costa e Tomas Antonio Gonzaga; os padres Carlos Correia de Toledo, o coronel Joaquim Silvério dos Reis; e o alferes Tiradentes, um dos poucos participantes de origem popular dessa rebelião. Eles iriam proclamar a independência e a proclamação de uma república na região de Minas.

Com a aproximação da cobrança metropolitana, as reuniões e expectativas em torno da inconfidência tornavam-se cada vez mais intensas. Chegada a data da derrama, sua cobrança fora revogada pelas autoridades lusitanas. Nesse meio tempo, as autoridades metropolitanas estabeleceram um inquérito para apurar uma denúncia sobre a insurreição na região de Minas. Através da delação de Joaquim Silvério dos Reis, que denunciou seus companheiros pelo perdão de suas dívidas, várias pessoas foram presas pelas autoridades de Portugal.

Tratando-se de um movimento composto por influentes integrantes das elites, alguns poucos denunciados foram condenados à prisão e ao degredo na África. O único a assumir as responsabilidades pela trama foi Tiradentes. Para reprimir outras possíveis revoltas, Portugal decretou o enforcamento e o esquartejamento do inconfidente de origem menos abastada. Seu corpo foi exposto nas vias que davam acesso a Minas Gerais. Era o fim da Inconfidência Mineira.

Mesmo tendo caráter separatista, os inconfidentes impunham limites ao seu projeto. Não pretendiam dar fim à escravidão africana e não possuíam algum tipo de ideal que lutasse pela independência da “nação brasileira”. Dessa forma, podemos ver que a inconfidência foi um movimento restrito e incapaz de articular algum tipo de mobilização que definitivamente desse fim à exploração colonial lusitana.


Emanuella Sousa

23 de setembro de 2010

Como achar o substantivo?

Para começo de conversa, conforme afirma Sautchuk (2004, p. XIV), não se pode separar o conhecimento morfológico do sintático. Pois, segundo este entendimento, "o primeiro propicia muito mais segurança na determinação das funções sintáticas dos termos da oração: a base ou a natureza morfológica de um sintagma (constituinte imediato das orações) determina ou autoriza sua função sintática".

Ademais, existe um princípio linguístico universal que afirma "nada na língua funciona sozinho". (idem)

Por isso, é de fundamental importância reconhecermos a natureza morfológica das palavras, para entendermos quais funções sintáticas elas poderão assumir numa frase. Ilustrando tais afirmações, observe o seguinte enunciado:

•A lua brilhava intensamente naquela noite fria de inverno.

Se partirmos para a análise morfossintática dessa oração, perceberemos que tudo está ligado. E a melhor maneira de encontrarmos os elementos morfológicos essenciais, que determinarão a função sintática de cada termo da frase (e encontrar o substantivo é essencial para a análise), é relacioná-los com os elementos da própria frase. Vejamos:

Se quisermos descobrir qual a natureza morfológica da palavra lua, basta observarmos qual palavra a antecede ou poderia antecedê-la. Nesse caso, é o artigo "A", que desempenha o papel de determinante da palavra "lua". Logo, a palavra lua é um substantivo.

Pois isto reflete um uso já consagrado por qualquer falante nativo do português, independemente de sua classe social ou de seu lugar de origem. Deste modo, só é substantivo, em português, a palavra que se deixa anteceder por determinantes.

Até onde sabemos, nenhum falante da língua portuguesa diria: Lua a brilhava... ou seja, nenhum falante colocaria o artigo "a" depois do substantivo "lua".

Todavia, alguém poderia se perguntar: e o que são determinantes? Como o próprio nome já diz, determinantes são palavras, fáceis de se memorizar, que identificam a referência de um substantivo por meio da situação espaço-temporal ou para delimitar seu número.

É por isso que reconhecemos como determinantes simples a classe fechada dos artigos, tanto os definidos, quanto os indefinidos (a, o, as, os, um, uma, uns, umas), os pronomes possessivos (meu, minha, teu, tua, nosso, vosso, dele, dela, seu, sua), os pronomes demonstrativos (esse, essa, aquele, aquela, aquilo etc), e os numerais cardinais e ordinais (um, dois, três etc) (primeiro, segundo, terceiro etc).

Por este critério, para termos certeza de que a palavra "lua" morfologicamente é um substantivo, bastaria fazermos a permuta por outros determinantes, dentre os que vimos acima:

Recapitulando teríamos: todo substantivo deixa-se anteceder por determinantes.

Ana Christina Damasceno

Encerram hoje inscrições para o PSIU

A Universidade Federal do Piauí, encerra nesta quinta-feira (23), as inscrições para o PSIU (Programa Seriado de Ingresso a Universidade).

Poderão concorrer os alunos que queiram se candidatar ao PSIU Geral ou para aqueles que vão realizar o PSIU 3ª Etapa, em complemento ao subprograma 2008 - 2010. Esse ano a UFPI vai ofertar 5786 vagas para os cursos da modalidade presencial nos campi de Teresina, Parnaíba, Picos, Floriano e Bom Jesus. O sistema de seleção para essas vagas será dividido entre o PSIU (2893 vagas) e o SISU/ENEM (2893 vagas).

As inscrições do PSIU 2010 são realizadas exclusivamente pela internet, através do endereço eletrônico http://www.ufpi.br/copesenovo/. A GRU deve ser impressa através do site, e o pagamento efetuado até o dia 24 de setembro, no Banco do Brasil ou em qualquer correspondente bancário. O valor da taxa da 3ª Etapa é de R$ 50,00, sendo que o candidato cotista paga R$ 25,00. A taxa do PSIU Geral é de R$ 45,00 para os candidatos cotistas e de R$ 90,00 para os demais candidatos. Os cartões de inscrição dos candidatos serão disponibilizados exclusivamente pela internet, no site da UFPI, entre os dias 1° e 16 de novembro de 2010.

Ana Christina Damasceno

21 de setembro de 2010

A TRANSFERÊNCIA DA CORTE PORTUGUESA PARA O BRASIL

Todo sete de setembro celebramos o dia em que o Brasil foi proclamado independente de Portugal. Assim, o marco de nossa soberania política fixou-se no momento em que o então príncipe-regente, Dom Pedro I, oficializou o fim da colonização às margens do rio Ipiranga. No entanto, como podemos imaginar que um brado à beira de um rio seja capaz de fazer uma nação soberana?

Para entendermos melhor o nosso processo de independência, é de fundamental importância que nos desloquemos para outro contexto histórico: o estabelecimento da Era Napoleônica (1799 – 1815) no início do século XIX. Durante esse período, que encerra as turbulências vividas durante a Revolução Fracesa, Napoleão transformou-se em chefe supremo da nação francesa.

Em sua gestão, Napoleão tinha como grande meta industrializar a economia francesa através de um agressivo plano que combinava pesados investimentos estatais e uma política internacional agressiva. Naquela época, a maior potência industrial era a Inglaterra. Com isso, Bonaparte procurou retaliar o monopólio mercadológico britânico nem que para isso tivesse que ameaçar a soberania das demais nações europeias.

No ano de 1806, o governo napoleônico impôs o Bloqueio Continetal à Europa. Segundo esse decreto, a França exigiu que nenhuma nação europeia tivesse relações comerciais com a Inglaterra. Dessa maneira, o governo napoleônico ampliou seus mercados consumidores e, ao mesmo tempo, desestabilizou sua maior rival política, militar e econômica.

O príncipe regente de Portugal, Dom João VI, não acatou a ordem francesa. Isso porque, ao longo do século XVIII, a economia portuguesa assinou uma série de tratados econômicos que aprofundou demasiadamente a dependência de Portugal para com a Inglaterra. Em reposta à intransigência portuguesa, Napoleão ameaçou invadir o território português. Pressionado por Napoleão, o governo português acabou aceitando um plano da Inglaterra para contornar essa situação.

Os ingleses ofereceram escolta para que a família real portuguesa se deslocasse até o Brasil e garantiu que utilizaria de suas forças militares para expulsar as tropas napoleônicas do solo português. Em troca desses favores, Dom João deveria transferir a capital portuguesa para o Rio de Janeiro e estabelecer um conjunto de tratados que abrissem os portos brasileiros às nações do mundo e oferecessem taxas alfandegárias menores aos produtos ingleses.

Não tendo melhores alternativas frente à proposta inglesa, em novembro de 1807, cerca de 15.000 súditos da Coroa Portuguesa sairam às pressas rumo ao Brasil. Dessa maneira, entre os anos de 1808 e 1821, o Brasil se tornou o centro administrativo do governo português. Além de ter sido um peculiar acontecimento na história política portuguesa, a chegada de Dom João VI e seus cortesãos ao Brasil iniciou um conjunto de ações que enfraqueceram o pacto colonial.

Dessa maneira, podemos contemplar na admininstrção joanina um conjunto de ações que impulsionaram a nossa independência. Ao mesmo tempo, vemos que os gritos às margens do Ipiranga, de Dom Pedro I, não efetivaram as liberdades anteriormente concedidas durante a passagem de Dom João VI em terras brasileiras.


Emanuella Sousa

REBELIÕES SEPARATISTAS NO BRASIL COLONIAL

Vislumbrando o processo de independência do Brasil, notamos que a busca por nossa autonomia política é bem anterior à chegada da Família Real Portuguesa, em 1808. De fato, nos tempos coloniais, presenciamos a articulação das chamadas revoltas nativistas. Sob o seu aspecto, essas primeiras rebeliões fomentam um sentimento de autonomia, mas não são claramente sustentadas de acabar definitivamente com as relações entre Brasil e Portugal.

Ao atingirmos o século XVIII, observamos que as contradições entre a colônia e a metrópole se aprofundavam de um modo diferente. Nessa época, alguns integrantes da elite econômica e intelectual da colônia se influenciaram pelas críticas fundamentadas pelo pensamento iluminista. De acordo com tal pensamento, as relações coloniais eram contaminadas por práticas autoritárias que iriam contra a defesa da liberdade dos homens.

De fato, relembrando que o século XVIII é marcado pelo auge da atividade mineradora, vemos que Portugal desenvolveu a cobrança de vários impostos abusivos e ampliou seus métodos de controle sobre a produção de riqueza no espaço colonial. Em pouco tempo, discussões secretas e panfletos misteriosos circulavam denunciando os abusos das autoridades metropolitanas e a necessidade de completa autonomia para a resolução dos problemas sociais, políticos e econômicos daquela época.

Mesmo que saindo em defesa do fim do pacto colonial, vemos que muitos participantes das rebeliões separatistas não almejavam a uma ampla transformação com a independência. Isso acontecia porque alguns separatistas compunham a elite econômica colonial e, por tal razão, não pretendiam abandonar os antigos hábitos que legitimavam sua situação econômica confortável. Sendo assim, as rebeliões separatistas não raro se aproximavam de propostas visivelmente elitistas.

A primeira das rebeliões separatistas aconteceu em Minas Gerais, quando uma série de insurretos da cidade de Vila Rica, no ano de 1789, pretendia romper com as exigências portuguesas sobre a exploração da atividade mineradora. No ano de 1798, a chamada Conjuração Baiana marcou época ao abrir portas para um projeto de independência com tons mais amplos e populares. Por fim, a Revolução Pernambucana de 1817 surgiu como último levante antes do nosso processo de independência, ocorrido em 1822.


Emanuella Sousa


REBELIÕES NATIVISTAS NO BRASIL COLONIAL

Ao observarmos o modelo de colonização que se estabeleceu no Brasil, notamos que as autoridades metropolitanas desejavam extrair ao máximo as riquezas do nosso vasto e rico território. Nesse sentido, a consolidação do pacto colonial foi de fundamental importância para que Portugal alcançasse seus objetivos econômicos. Por este acordo, os produtores coloniais vendiam sua matéria-prima para os metropolitanos, enquanto estes últimos ofereciam as mercadorias manufaturadas provenientes do Velho Mundo.

Em muitos casos, os portugueses aproveitavam do seu poder de mando para impor exigências e impostos que ampliavam suas vantagens sobre os colonos. Quando necessário, descumpriam as ordens que eles mesmos estabeleciam, usavam de força militar para conter o interesse dos locais e empregava outras formas coercitivas que demonstravam a desigualdade presente nessa relação. Em resposta, alguns colonos passaram a se organizar exigindo a reforma das relações coloniais.

Nesse momento surgiram as rebeliões nativas. Ao contrário do que parece, seus participantes não desejavam liquidar com a presença metropolitana no território colonial. Mesmo se mostrando descontentes, muitos dos revoltosos eram oriundos da elite e, por isso, não tinham interesse em elaborar uma transformação profunda nas instituições de seu tempo. Virtualmente, a expulsão das autoridades lusitanas significaria o fim de vários privilégios políticos e econômicos.

Longe de representarem uma espécie de “sentimento nacional”, as rebeliões nativistas tomaram destaque a partir dos fins do século XVII. Entre os principais levantes destacamos a Revolta de Beckman (1684, Maranhão); a Guerra dos Emboabas (1708-1709, Minas Gerais); a Guerra dos Mascates (1710 – 1711, Pernambuco); e a Revolta de Filipe dos Santos (1720, Vila Rica, Minas Gerais).


Emanuella Sousa

19 de setembro de 2010

GENTE NÃO CONSEGUI POSTAR OS VIDEOS MAS AMANHA TENTAREI MAIS UMA VEZ.

PROFESSOR WELLYSON

CURIOSIDADE

Plutão deixa de ser considerado planeta

24 de agosto de 2006 • 10h36 • atualizado às 21h12
Foto de Plutão e sua lua tirada pelo telescópio Hubble Foto: AFP
Foto de Plutão e sua lua tirada pelo telescópio Hubble
24 de agosto de 2006
Foto: AFP
A União Astronômica Internacional excluiu hoje Plutão como um planeta de pleno direito do Sistema Solar, após longas e intensas controvérsias sobre esta resolução.
Com a decisão votada hoje no plenário da XXVI Assembléia Geral da entidade, realizada em Praga, se reduz o número de planetas no Sistema Solar de nove para oito. Os mais de 2,5 mil analistas de 75 países reunidos na capital tcheca reconhecem desta forma que se cometeu um erro quando se outorgou a Plutão a categoria de planeta, em 1930, ano de sua descoberta.
A definição adotada hoje preenche um vazio que existia neste campo científico desde os tempos do astrônomo polonês Copérnico (1473-1543). A nova definição estabelece três grupos de planetas, o primeiro com os oito planetas "clássicos" - Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Netuno, Saturno e Urano -, depois um segundo, que são os asteróides, e um terceiro grupo, com Plutão e o novo objeto UB313, descoberto no ano passado.
Plutão, descoberto há 76 anos pelo cientista americano Clyde Tombaugh (1906-1997), é objeto de polêmica há décadas, principalmente devido a seu tamanho, que foi reduzido ano após ano e que foi estabelecido agora em 2,3 mil quilômetros de diâmetro.
Assim, Plutão é muito menor que a Terra (12.750 quilômetros) e até mesmo menor que a Lua (3.480 quilômetros) e o UB313 (3 mil quilômetros), que no entanto está muito mais longe do Sol.
Outro argumento contra Plutão é a forma pouco ortodoxa de sua órbita, cuja inclinação não é paralela à da Terra e a dos outros sete planetas do Sistema Solar.
by prof. wellyson

17 de setembro de 2010

Onde estou?

 Objetivo

Determinar nossa localização sobre a Terra (Latitude e Longitude).
Considerações
"Onde estou?", pode parecer uma pergunta insensata, porque naturalmente todos sabemos onde estamos em um determinado momento, mas como poderemos informar a alguém qual é este lugar? Uma maneira usual é informar nosso endereço. Se soubermos o país, o estado, a cidade, o bairro, a rua e o número da casa, poderemos ser encontrados em qualquer lugar do mundo. Mas e se não estivermos numa cidade, e sim em uma fazenda, na selva ou no mar? A única maneira será informar nossas coordenadas sobre a Terra.
Você já deve ter observado que os mapas são graduados em latitudes, de 0 a 90 graus para o norte ou para o sul, a partir do equador, e em longitudes, de 0 a 180 graus a leste ou a oeste do meridiano que passa por Greenwich, na Inglaterra. Meridiano é a linha imaginária que vai de um pólo ao outro. Este meridiano foi definido como meridiano zero. A determinação das coordenadas de um ponto é feita, medindo-se os ângulos entre este ponto e o equador (latitude) e do ponto ao meridiano de origem (longitude). Este sistema de coordenadas é chamado de Sistema de Coordenadas Geográficas.
 
Coordenadas geográficas da Terra.

Na figura ilustramos: ponto G no meridiano-de-origem (Greenwich) e ponto P genérico (fora dos pólos) tendo  latitude
j e longitude l.
Os arcos medem ângulos:
Arco P'P =
j, latitude de P (de 0 a 90º, positiva ao Norte, negativa ao Sul).
Arco G'P' =
l, longitude geográfica de P (de 0 a 180º, positiva a W de Greenwich, negativa a E).
Na figura é
l = ângulo G'CP'.

Esse sistema cobre toda a Terra e tem a vantagem de especificar cada ponto da superfície por duas coordenadas que não se repetem em outro local, evitando erros de endereçamento. Além disso o sistema de coordenadas permite que, a partir de uma listagem de dados, se construa um mapa.
Histórico
Os gregos e os romanos faziam seus mapas medindo as distâncias entre os pontos e colocando marcos para orientação. A milha romana, uma medida de distância muito usada, equivalente a 1 440 metros, tem esta origem: uma centúria (grupo de cem soldados) marchava 1 000 passos e aí era instalado um marco numerado. Alguns deles existem até hoje na Via Appia, em Roma, na Itália.
O primeiro cálculo do tamanho da Terra foi feito depois que Erastóstenes de Cirene (~220 anos A.C.) mandou medir a distância entre Siene e um lugar na Alexandria, 804 quilômetros ao norte.
Quase todo o antigo Império Romano foi demarcado assim.
Mas com o desenvolvimento das navegações, as distâncias percorridas aumentaram muito e a medição no mar era impossível. Neste ponto o conhecimento astronômico se tornou imprescindível. Astrônomos, matemáticos e cartógrafos foram contratados pelos reis e definiram os procedimentos de medição. Os portugueses e espanhóis foram precursores das navegações baseados em "localização por estrelas" e principalmente pela posição do Sol, e levavam sempre um astrônomo para fazer este trabalho. Isto é feito pelos marinheiros até hoje, usando um sextante. Este procedimento nos permite encontrar a latitude de um lugar.
Mas o mesmo procedimento não pode ser usado para encontrar a longitude! A Terra gira no espaço e não existe um referencial fixo!
Por isso as navegações eram feitas com grande imprecisão no sentido da longitude. Elas eram estimadas em função do tempo e da velocidade do navio. O tempo era medido com ampulhetas e a distância com uma corda fina, lançada na água, onde nós marcavam as divisões. Até hoje a velocidade dos barcos e aviões são registradas em nós (milhas marítimas por hora). Talvez por isso o Brasil tenha sido descoberto! A única maneira de descobrir a diferença angular entre dois meridianos seria medir a hora local e comparar com a hora do meridiano zero. Como não existia um cronômetro naquela época, era impossível saber a hora de Greenwich. Determinar a hora local é fácil: quando o Sol está mais alto no céu é o meio-dia local. Este ponto mais alto ocorre sempre sobre o meridiano que passa pela vertical do lugar. Por isso este momento é chamado de passagem meridiana do Sol. Usando tabelas de ocultação de estrelas pela Lua e as ocultações dos satélites de Júpiter, os astrônomos do século XVI conseguiram determinar as coordenadas de vários pontos da Terra. Mas a invenção do relógio com escapamento de âncora foi que determinou o procedimento definitivo para este trabalho. A invenção do rádio veio complementar este recurso e algumas estações transmitem sinais de tempo padrão para todo o mundo.
Baseados na posição do Sol nós poderemos encontrar estes dados com uma precisão razoável. Se o procedimento for feito nos dias de equinócios (20-mar/22-set) ou de solstícios (21-jun/22-dez) as posições do Sol são conhecidas e facilitarão a tarefa. Para os outros dias do ano será necessária uma tabela de posições do Sol, como a publicada no Anuário de Astronomia do Observatório Nacional, ou calculada por programas de computador.
Para executar os procedimentos, peça a ajuda e supervisão de um professor que possua uma calculadora científica que tenha a função "arco tangente" para encontrar os ângulos e fazer as conversões de tempo e de ângulos.


Material
- cadeira
- grampo de carpinteiro
- trena com escala em milímetros
- prumo de ponta (pode ser usada uma chumbada piramidal)
- pregos.
- calculadora científica
- relógio com ponteiro de segundos
- anteparo (tampa de lata de 10 cm de diâmetro com furo de 3 mm)
- mapas para ilustrar as coordenadas e obter a posição estimada.
Preparação
Usando um prego grosso, faça um furo no centro da tampa de lata e dobre um pedaço da lateral de modo que depois de fixada com o grampo ao espaldar da cadeira, ela fique mais ou menos perpendicular ao sol do meio dia.

A preparação do local da medição deve ser feita com antecedência. A primeira parte (fase 1) consiste em definir a linha norte-sul verdadeira; vamos a ela:
fase 1
-
Um ou dois dias antes do dia da medição, por volta das oito horas da manhã coloque a cadeira numa área plana, lisa e ensolarada com a frente da cadeira voltada para o norte. Se a cadeira for leve, coloque algo pesado sobre o assento para evitar que ela se mova.
- Passe o fio do prumo pelo furo, determine e marque o ponto V sob a vertical do furo. Use lápis ou caneta. Um traço de giz é muito grosso e pode comprometer a precisão das medidas. Se for necessário, cole um pedaço de papel no piso para facilitar o traçado.
- Usando um pedaço de barbante, ou uma régua com dois pregos como compasso, trace um arco em torno deste ponto V com um raio aproximadamente igual à altura do furo até o piso.
- O furo central deve projetar uma imagem do sol, no piso, com aproximadamente 1 centímetro de diâmetro.
- Quando o centro da imagem do Sol cruzar o arco, marque o ponto M.
- A cadeira não pode ser movida! Por volta do meio dia, verifique onde está a projeção do Sol. Esta área será a utilizada no dia da medição.
- Aguarde, na parte da tarde, que o Sol cruze novamente o arco e marque o ponto T.

Usando o compasso, improvisado para fazer o arco, ache a perpendicular à linha MT. Esta perpendicular à MT é a linha norte-sul verdadeira. Esta linha pode ser traçada no piso ou marcada por um fio esticado e as pontas fixadas com fita adesiva no piso. Se possível deixe a cadeira no lugar até o dia da medição.
fase 2
-
Verifique qual é o seu fuso horário. O leste do Brasil usa o fuso - 3. Os estados de Roraima, Pará, o centro-leste do Amazonas, Rondônia, Mato Grosso e Mato groso do Sul usam o fuso - 4 e o Acre e o oeste do Amazonas o de - 5 horas. Em seguida acerte o relógio a partir de uma 'estação de rádio' que transmita sinais de tempo ou pelo telefone. Alguns canais de televisão também transmitem sinais horários (de segundo em segundo) enquanto estão se preparando para entrar no ar. O ideal é usar um relógio grande, ou de cabeceira, para que várias pessoas possam anotar o momento do trânsito ao sinal do observador.
fase 3
-
Usando os mapas, e as coordenadas impressas em sua borda, encontre a sua posição estimada em graus, minutos e segundos de arco. Alguns mapas com escalas menores fornecem dados mais precisos, mas um mapa de seu estado é suficiente. Este trabalho preliminar se destina a familiarizar o pesquizador com o sistema de coordenadas e permitirá conhecer o sentido de crescimento e as divisões do mapa. Faça interpolações e redivida a escala original se necessário.
A medição
No dia escolhido para a medição, verifique a posição do anteparo usando o prumo, ou re-posicione se a cadeira tiver sido movida. O ponto V deve estar exatamente sob o prumo do anteparo.
Por volta do meio-dia, quando o centro da imagem do Sol cruzar a linha (Trânsito do Sol) marcamos o ponto P e registramos a hora com precisão de segundos (h:min:seg). Em seguida meça com exatidão a altura OV e a distância PA e anote os valores. A precisão das coordenadas vai depender diretamente da precisão destas medidas.
Trabalhando com frações de arco e de tempo
Para fazer contas com horas e ângulos é necessário que os dados sejam compatíveis com o sistema decimal (base 10), mas eles são sempre fornecidos em horas, minutos e segundos ou graus, minutos de arco e segundos de arco, no sistema sexagesimal (base 60). Precisaremos então aprender a transformar uns nos outros.
1- Para transformar
h:min:seg em horas decimais, divida o número de minutos por 60 e o número de segundos por 3600. Em seguida some as parcelas.
Por exemplo, para 16h 18min 40s, fazemos: 18/60= 0,3 ; 40/3600= 0,0111 ; 16+03+0,0111 =
16,3111 horas decimais.
O mesmo procedimento é adotado para os ângulos.
2- Para fazer o inverso dessa transformação, ou seja, para transformar horas decimais em
h:min:seg, separe a parte fracionária e multiplique por 60. Anote o número inteiro de minutos. Separe novamente a parte fracionária e multiplique por 60. Anote o número de segundos e suas frações.
Usando o resultado do exemplo anterior, 
16,3111 horas decimais, fazemos: 0,3111 x 60 = 18,666 [separe esse 18]; 0,666 x 60 = 39,96. Assim teremos, 16 h 18 min 39,96 seg, ou seja, 16 horas, 18 minutos , 39 segundos e 96 centésimos do segundo. Quatro centésimos de segundo foram perdidos nos arredondamentos, mas podemos desprezá-los. O procedimento é similar para conversão de ângulos.
Cálculo da posição
A partir dos valores OV e PV nós poderemos calcular o ângulo F. A divisão OV/PV fornecerá o valor da tangente trigonométrica do ângulo. Use a calculadora para obter o arco tangente de OV/OP e você encontrará o ângulo F.
Se a medição foi feita nos dias de equinócios (20-março ou 22-setembro), este ângulo é igual ao da latitude local. Se feita nos dias de solstícios (21-junho ou 22-dezembro), ele deve ser corrigido de 23,45 graus (somar se for solstício de verão, subtrair se solstício de inverno). Para outras datas, usar os dados da declinação do Sol publicados nas tabelas do Anuário de astronomia do Observatório Nacional. Transforme os valores decimais para graus, minutos e segundos de arco. Compare o valor encontrado com a sua latitude estimada. Se houver divergência sensível, refaça os cálculos.

Para o cálculo da longitude usaremos o Tempo Universal (TU), ou Tempo médio de Greenwich. Transforme todos os valores para o sistema decimal. Para encontrar o TU do momento do trânsito, basta somar o número de horas do fuso local ao valor registrado na medição.
Em seguida subtraia deste valor o do momento do trânsito em Greenwich no dia correspondente.
 
Momento do trânsito do Sol em Greenwich
Data
h:min:seg
hora decimal
20-mar-2005
12:07:27
12,1242
21-jun-2005
12:01:47
12,0297
22-set-2005
11:52:39
11,8775
22-dez-2005
11:58:39
11,9775
Multiplique o resultado por 15 (15º por fuso). O valor encontrado é o ângulo em longitude. Converta este valor para graus, minutos e segundos de arco. Compare o valor com a longitude de sua posição estimada. Se houver diferença sensível, confira os cálculos.
Exemplo: Suponhamos que o seu fuso horário é o de -4 horas e que a passagem meridiana do Sol foi 12h 5min 15seg.
- transformamos este valor em horas decimais: 12 + 5/60 + 15/3600 = 12 + 0,0833 + 0,0041 = 12,0874
- somamos as horas do fuso local: 12,0874 + 4 = 16,0874
- subtraimos o momento da passagem meridiana em Greenwich: 16,0874 - 12,1242 = 3,9632
- multiplicamos o resultado por 15 para encontrar o ângulo decimal: 3,9632 x 15 = 59,448
- transformamos o ângulo decimal em graus, minutos e segundos de arco:
- separamos a parte fracionária e multiplicamos por 60: 0,448 x 60 = 26,88
- repetimos o procedimento para os segundos: 0,88 x 60 = 52,8
Assim teremos a longitude de 59º 26' 52,8" Oeste
Nossas coordenadas serão então Lat. 10º 9' 27" Sul - Lon. 59º 26' 53" Oeste . Se procurarmos no mapa veremos que a nossa posição é próxima de Aripuanã, no estado de Mato Grosso.
Glossário
- coordenadas terrestres - latitude e longitude de um lugar no Sistema de Coordenadas Geográficas (às vezes pode ser acrescentada a altitude)
-
equador - circulo imaginário que divide a Terra em duas metades iguais, sobre o plano perpendicular ao eixo de rotação.
-
equador celeste - projeção do equador sobre a esfera celeste
-
equinócio - instante (ou ponto aparente) que o Sol cruza o plano do equador
-
fuso horário - fatia em forma de fuso de 15 graus de largura entre dois meridianos
-
grau - 1/360 da divisão da circunferência.
-
GMT - Greenwich Mean Time = Tempo médio de Greenwich
-
Greenwich - observatório próximo a Londres-Inglaterra onde, por definição, passa o meridiano zero
-
latitude - ângulo medido entre o equador e um ponto determinado da superfície terrestre em graus, minutos e segundos de arco
-
longitude - ângulo medido entre dois planos meridianos a partir do eixo terrestre em graus, minutos e segundos de arco
-
meridiano - arco imaginário sobre a superfície da Terra no sentido norte-sul que liga os dois pólos
-
milha marítima - 1 minuto de arco sobre a Terra (1.853 metros)
-
milha terrestre - 1.000 passos (pé direito) de uma centúria (1.440 metros)
-
minuto de arco - 1/60 do grau (equivale a 1.853 metros sobre a Terra)
-
- velocidade equivalente a uma milha marítima por hora
-
paralelo - circulo imaginário sobre a superfície da Terra, perpendicular a seu eixo. O circulo máximo é chamado equador
-
passagem meridiana - instante que um astro cruza o meridiano de um lugar
-
posição geográfica - coordenadas de um lugar
-
segundo de arco - 1/60 do minuto de arco ou seja, 1/3.600 do grau (equivale a 30,8 metros sobre a Terra)
-
solstício - instante (ou ponto aparente) em que o Sol atinge a máxima latitude (23,45 graus) norte ou sul
-
TL - ou LT - Tempo Legal, tempo oficial de cada fuso horário
-
trópico - paralelo sobre o qual o Sol atinge o solstício
-
TU - ou UT - Tempo Universal = GMT

PROF. WELLYSON